Projeto de Lei incentiva empreendedorismo feminino: por que só dar crédito não basta?
Por Aline Rezende
Milhões de mulheres perderam seus empregos durante a pandemia. Diante da necessidade, muitas optaram pelo empreendedorismo. O resultado é que o número de empresas abertas por elas aumentou em 40% desde o ano passado, segundo dados da Rede Mulher Empreendedora.
Diante da demanda, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 2589/21, que prevê o aumento da oferta de crédito em condições acessíveis às mulheres empreendedoras, a fim de estimular o desenvolvimento econômico e social delas. A proposição é de coautoria da deputada federal Maria Rosas, do Republicanos-SP.
Se aprovado, o projeto deve trazer um impulso ainda maior ao empreendedorismo feminino, visto que elas já representam 48,7% do mercado empreendedor em nosso país, de acordo com informações da Global Entrepreneurship Monitor. Esse número equivale a aproximadamente 30 milhões de brasileiras, o que nos faz ocupar o sétimo lugar no ranking mundial de mulheres empreendedoras.
Contudo, apesar do prognóstico positivo, é muito importante que as mulheres sejam preparadas para empreender. O fácil acesso ao crédito não é o único requisito necessário para se tornar uma mulher de sucesso. Antes de qualquer movimento, é imprescindível que elas tenham conhecimentos profundos sobre o mercado em que desejam atuar. A empreendedora deve oferecer um produto ou serviço que atenda exatamente a demanda de seus clientes, considerando um equilíbrio perfeito entre qualidade e preço.
Uma vez elaborado o plano de negócios, a empreendedora precisa se atentar à gestão financeira de sua empresa. É necessário entender que faturamento não significa lucro, separando sempre os valores que devem ser reinvestidos para que o negócio cresça.
Outro erro crucial de quem está começando é misturar as finanças da empresa com as suas finanças pessoais. Desde o início, é primordial manter tudo separado, a fim de mapear os custos fixos e variáveis tanto do negócio quanto da própria empreendedora.
Em se tratando de gastos pessoais, o ideal é que os custos fixos, como moradia, alimentação, água e luz, nunca ultrapassem 50% da renda da empreendedora. Os custos variáveis, como entretenimento, devem ter um limite de até 25%. Para as emergências, como uma doença ou uma despesa extra, deve-se reservar algo em torno de 10% da renda. Outros 10% devem ser destinados ao futuro, já pensando na aposentadoria. O 5% restantes podem ser usados para o pagamento de dívidas, se houver, ou mesmo para doações.
No caso da empresa, esses números podem variar. Mas, o mais importante é que desde o início, a empreendedora faça uma retirada mensal de seu prolabore. Isso evita que ela gaste mais que o necessário nos meses em que tiver um faturamento maior. O negócio, inevitavelmente passará por momentos de alta e baixa. Manter a persistência e constância nas ações é fundamental para o sucesso. Uma vez por ano ou a cada seis meses, a empreendedora pode fazer retiradas de lucro, que seria como um bônus pelo bom desempenho da empresa, depois de ter todas as suas contas pagas.
Além da gestão financeira, a empreendedora precisa se atentar também a questões contábeis e fiscais, buscando legalizar a empresa o quanto antes a fim de evitar problemas futuros. É preciso compreender as exigências de cada mercado de atuação, tendo todos os registros e licenças necessários para atuar com tranquilidade e pagando seus impostos adequadamente.
Para tornar tudo isso muito mais simples, a empreendedora deve ter a tecnologia como sua maior aliada. Com ela, é possível automatizar uma série de processos que facilitam o seu dia a dia. É preciso usá-la a seu favor, deixando seus compromissos agendados, controles financeiros registrados, além de alertas sobre contas a pagar e receber, evitando o pagamento de juros ou mesmo algum calote de cliente.
Por fim, a empreendedora precisa estar sempre antenada a tudo que a cerca. O empreendedorismo não deve nascer apenas da necessidade, mas também da oportunidade. A mulheres são protagonistas de várias mudanças sociais. Há muitos mercados nascendo exclusivamente para atender suas próprias demandas. O potencial de negócio delas é tão grande que um do relatório do Boston Consulting Group (BCG), indica que as mulheres empreendedoras podem aumentar o Produto Mundial Bruto em torno de US$ 5 trilhões, correspondendo duas vezes o Produto Interno Bruto do Brasil. O caminho ainda é longo, mas promissor e extremamente favorável. O crédito é importante, mas sozinho, não garante o sucesso delas.
Aline Rezende é CEO da Poupay+, fintech de gestão financeira exclusiva para mulheres.
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