Dia das Crianças e Consumo
Segundo Adriana Drulla, mestre em Psicologia Positiva pela Universidade da Pensilvânia, datas como o Dia das Crianças são ótimas oportunidades para os pais ensinarem lições de valor próprio. Que o consumo pode fazer mais mal do que bem aos filhos.
Mais um Dia das Crianças se aproxima e está aberta a temporada dos pedidos de presentes, alguns tão insistentes que muitas vezes os pais cedem e compram o que os filhos desejam e não o que realmente precisam. Segundo Adriana Drulla, mestre em Psicologia Positiva, realizar os desejos de consumo pode prejudicar a percepção da criança sobre o próprio valor.
É fato que realizar todos os desejos da criança pode deixá-la mimada e exigente. “Mas, além disso, realizando todos os desejos de consumo do seu filho, você pode prejudicar a percepção que ele tem sobre o próprio valor. A explicação é simples. A criança diz que precisa dos brinquedos da moda, mas por trás do argumento ‘todas as minhas amigas têm’ está o fato de que ela se sente excluída, ou diferente do grupo, sem o objeto“, explica Adriana.
Para o ser humano, a necessidade de pertencimento é tão importante quanto o alimento. Para a criança, ter o objeto da moda a tornará valorosa para o grupo. “De forma tosca, isso até acontece. O objeto da moda chama a atenção dos amigos. Portanto, aquele que o ostenta, torna-se mais interessante para o grupo. Momentaneamente, é claro. À medida que a moda muda, ele precisará conquistar o próximo brinquedo para sentir-se especial. As crianças querem os novos gadgets, por exemplo, não porque sejam úteis ou mais divertidos que os anteriores, mas porque querem sentir que são especiais“.
“O que nossos filhos precisam, de fato, é sentirem-se pertencentes e valiosos – e isto não está em objeto algum. Contribuímos para que nossos filhos se desenvolvam materialistas quando concordamos com compras motivadas pelo desejo de aumentar seu valor social. Quando a criança aprende que seu lugar no grupo depende de suas posses, fica subentendido que ela precisa ter coisas interessantes para ser interessante“, completa a especialista.
Precisamos sentir que somos aceitos por quem somos e não pelo que temos
Para que cresçam confiantes e possam realizar-se na vida, crianças precisam sentir que têm valor por quem são, segundo Adriana. “Elas precisam perceber que os amigos as querem por perto porque admiram as qualidades que elas têm. Elas precisam constatar que a falta de fidget toy não alterará o seu lugar no grupo. E se alterar, é importante que compreendam que aqueles que as excluem por não terem o objeto da moda, nunca mereceram a sua amizade em primeiro lugar”.
Se a criança aprender que ela é valiosa exatamente como é, será mais feliz e trará menos lucro para a mídia, para os influencers, e para os fabricantes de gadgets. Ela não será alvo fácil de manipulação. “Mesmo assim, você pode ensinar seu filho que ele não precisa ser diferente ou conquistar coisa alguma para ter valor. Você pode ajudá-lo a construir um senso crítico sobre as propagandas que o seduzem. Você pode inclusive refletir com ele sobre o que está por trás destes desejos de consumo de brinquedos e outros apetrechos, em vez de sentir-se pressionado a realizá-los“, finaliza a especialista.
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