Engravidar antes ou depois da cirurgia bariátrica? Quais são as dificuldades de quem passa pelo procedimento e pretende ser mãe? Obstetra esclarece todas as dúvidas
Segundo a dra. Mariana Rosario, após a perda de peso, existe maior facilidade de a mulher engravidar, já que os níveis hormonais tendem a se normalizar. Com o peso estabilizado, a mulher também corre menos risco de desenvolver o diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia, doenças que podem afetar também a saúde do bebê
São Paulo, 2 de fevereiro de 2022 – Conforme a SBCBM – Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, “estão aptos a fazer (cirurgia bariátrica) pacientes com IMC acima de 40 kg/m², independentemente da presença de comorbidades; IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades; IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação ‘grave’ por um médico especialista na respectiva área da doença”.
Seguindo esse raciocínio, uma mulher que passará por uma cirurgia bariátrica tem indicação clínica para lidar com a obesidade, já que o seu quadro está lhe causando riscos à saúde. “Como a gestação é um período em que a mulher precisa estar saudável e deve preparar a ‘casa’ para receber um convidado ilustre, seu bebê, é importante que ela faça a cirurgia bariátrica antes da gestação – e não depois dela, se essa for a indicação de seu cirurgião”, conclui a Dra. Mariana Rosario, ginecologista e obstetra. “Dessa forma, após a perda de peso, espera-se que ela tenha uma gestação mais saudável”, estima.
Ainda conforme a SBCBM, é indicado que a mulher aguarde pelo menos um ano para engravidar, após à bariátrica. “O que percebemos é que, após a grande perda de peso, os níveis hormonais tendem a se estabilizar e problemas que prejudicavam a concepção e a implantação do embrião podem ser minimizados. Muitas mulheres que sofrem com a SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos) e a Síndrome Metabólica, por exemplo, após emagrecerem e adotarem hábitos saudáveis voltam a ovular e conseguem engravidar. E esse é apenas um dos exemplos”, completa a médica. Quem passa pela bariátrica, portanto, tem mais chances de engravidar.
E em relação ao desenvolvimento da gestação? Dra. Mariana Rosario explica que as mulheres com excesso de peso têm mais chance de desenvolver diabetes gestacional e pré-eclâmpsia não apenas pelo peso, mas porque geralmente têm maus hábitos. “Essas doenças não são exclusivas de quem tem sobrepeso e obesidade, mas estão muito ligadas a hábitos nada saudáveis. Quem não pratica atividades físicas, se alimenta mal, não faz um bom pré-natal, não usa os suplementos adequados corre grandes riscos de desenvolvê-las. Também acontece com quem fuma e usa drogas”.
Quando a mulher passa pela bariátrica, ela geralmente adota novos hábitos. Além de comer em pouca quantidade, a maior parte das pacientes passa a comer melhor, abandonando refrigerantes e outros alimentos ultraprocessados. Com a autoestima restabelecida, elas também começam a se exercitar. “E, então, o diabetes gestacional não se desenvolve, bem como a hipertensão arterial é controlada, não causando a pré-eclâmpsia”. Vale lembrar que essas duas doenças gestacionais podem afetar a saúde do bebê.
Atendimento da gestante pós-bariátrica precisa ser especializado
A preocupação da Dra. Mariana Rosario com a gestante que passou pela cirurgia bariátrica está relacionada ao atendimento pré-natal. Segundo ela, a cirurgia bariátrica faz com que o organismo absorva menos os nutrientes. Então, a suplementação da gestante deve ser observada com critério redobrado. “É necessário que se faça um preparo ainda maior antes da gestação e um acompanhamento muito preciso durante toda a gestação. Essa mulher corre o risco de desnutrição e a depleção de seu organismo pode causar danos ao bebê, que pode não se desenvolver adequadamente. Além disso, existe risco de parto prematuro, devido à falta de nutrientes”, alerta.
Para que a gestação seja plena, é preciso que a gestante tenha o acompanhamento de um obstetra que avalie sua situação individualmente e tenha conhecimento das necessidades do paciente bariátrico. “O obstetra tem um grande desafio quando aceita uma paciente pós-bariátrica. Ele precisa atualizar-se nas diretrizes da SBCBM, cruzando dados com os que praticamos na obstetrícia. Mais do que isso, é necessário entender a condição dessa mulher, seus hábitos alimentares e de vida e orientá-la adequadamente, para que ela mostre aderência ao tratamento”, pondera.
A suplementação dessa paciente poderá necessitar de mais nutrientes, bem como de dose reforçada de Ferro, por exemplo. “As pacientes bariátricas podem ter anemia e isso deve ser constantemente verificado, dentre outros aspectos”.
E, em relação ao parto, Dra. Mariana diz que ele poderá ser normal, caso a paciente tenha condições para isso. “Nada muda de uma mulher que passou pela bariátrica, em relação às demais. Tudo dependerá da escolha dela e das condições físicas que se apresentarem”, finaliza a obstetra.
Sobre a Dra. Mariana Rosario
Formada pela Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André (SP), em 2006, a Dra. Mariana Rosario possui os títulos de especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela AMB – Associação Médica Brasileira, e estágio em Mastologia pelo IEO – Instituto Europeu de Oncologia, de Milão, Itália, um dos mais renomados do mundo. É membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e especialista em Longevidade pela ABMAE – Associação Brasileira de Medicina Antienvelhecimento. É médica cadastrada para trabalhar com implantes hormonais pela ELMECO, do professor Elcimar Coutinho, um dos maiores especialistas no assunto. É membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein.
Possui vasta experiência em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia, tanto em Clínica Médica como em Cirurgia Oncoplástica. Realiza cursos e workshops de Saúde da Mulher, bem como trabalhos voluntários de preparação de gestantes, orientação de adolescentes e prevenção de DST´s. Participou de inúmeros trabalhos ligados à saúde feminina nas mais variadas fases da vida e atua ativamente em programas que visam ao aprimoramento científico. Atualiza-se por meio da participação em cursos, seminários e congressos nacionais e internacionais e produz conteúdo científico para produções acadêmicas.
Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e Mastologista. CRM – SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.
No Comment! Be the first one.