Professoras da UNIASSELVI explicam que problema pode ser causado por uma gama de fatores e dão dicas para os pais
O número de crianças entre 10 e 14 anos com transtornos de ansiedade atendidas pelo SUS saltou quase 2.500% em 10 anos. Segundo levantamento do Ministério da Saúde, os atendimentos nesta faixa etária passaram de 1.850, em 2014, para 24.367, em 2024. O tempo excessivo em frente a telas tem sido apontado como uma das principais causas para este aumento – mas não é a única.
Especialista no tema, a psicóloga e professora da UNIASSELVI, Adriana Lobo Müller, analisa que há uma relação significativa entre o uso excessivo de telas e os problemas psicossociais. “Um estudo realizado em 2021 pelo observatório da Fiocruz já indicava que o uso excessivo de telas pode levar ao aumento de sintomas de ansiedade e outros problemas psicossociais. Isso ocorre porque o tempo de tela muitas vezes substitui atividades essenciais para o desenvolvimento saudável, como brincadeiras ao ar livre, interação social e sono de qualidade. Além disso, o uso de redes sociais pode intensificar sentimentos de inadequação e comparação, especialmente em crianças e adolescentes que estão em fases de formação da identidade, pois expõe crianças e adolescentes a padrões de vida irreais e a conteúdos muitas vezes inadequados para sua faixa etária”.
Segundo ela, o uso de celulares cada vez mais cedo pelas crianças é uma das causas da ansiedade infantil. Os aparelhos fazem parte de uma gama de fatores biológicos, cognitivos, comportamentais e sociais, que interagem entre si. “As mudanças culturais e sociais nas últimas décadas aumentaram significativamente a pressão sobre as crianças e adolescentes. Hoje, eles enfrentam expectativas muito altas de desempenho acadêmico e esportivo, currículos escolares cada vez mais rígidos, além da redução de espaço e tempo de qualidade para brincar e para a convivência familiar”, explica.
Parentalidade distraída
Também professora da UNIASSELVI e especialista em crianças e adolescentes, a psicóloga Vanderléia Batista Biss chama atenção também para o comportamento dos pais. Segundo ela, é considerável atualmente o impacto da chamada “parentalidade distraída”, fenômeno em que o uso excessivo de dispositivos digitais por adultos reduz o tempo de interação de qualidade entre pais e filhos. “O uso excessivo de telas por parte dos adultos impacta diretamente as crianças e adolescentes, que por vezes se veem sozinhas para lidar com suas dificuldades e desafios”, alerta.
A especialista lembra ainda que a saúde mental infantil não depende apenas da redução do tempo de tela, mas também de uma estrutura de suporte mais ampla. “Aspectos como vínculos afetivos sólidos com pais e responsáveis, acesso a educação de qualidade, disponibilidade de serviços de saúde que atendam às necessidades das crianças, momentos reservados ao lazer, alimentação equilibrada e condições de moradia adequadas são igualmente importantes para um crescimento saudável”, pontua.
Dicas
Para evitar o surgimento ou agravamento da ansiedade em crianças, as professoras da UNIASSELVI listam medidas que os pais ou responsáveis podem adotar, como:
- Promover o equilíbrio: criar uma rotina que inclua atividades físicas, interação social e momentos de descanso;
- Validar seus sentimentos: caso a criança já apresente sintomas de ansiedade, mostrar que ela não está sozinha e que seus sentimentos importam;
- Aceitação incondicional: aceitar seu filho como ele é, com erros e acertos, diminuindo a pressão por padrões irrealistas de desempenho e beleza. Acolhê-lo em suas vulnerabilidades e estimular suas capacidades e qualidades;
- Criar momentos juntos: estimular a participação em atividades de lazer e da rotina de casa de forma conjunta, fortalecendo vínculos e criando um ambiente seguro e protetor;
- Estabelecer limites: orientar sobre o uso consciente de redes sociais e jogos eletrônicos, monitorando o conteúdo que a criança tem acesso e restringir o tempo de tela;
- Reduzir o próprio tempo de tela: para reduzir o tempo de telas das crianças e adolescentes, é preciso que os pais reduzam o seu também, pois as crianças aprendem por observação de quem elas amam;
- Conversar sobre os conteúdos online: supervisionar o uso de telas e promover discussões sobre os assuntos acessados pelos filhos;
- Buscar ajuda profissional: procurar um profissional de Psicologia para iniciar o processo terapêutico, caso seja necessário.
Sobre a UNIASSELVI
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